26º Domingo Comum – Domingo 28/09/2014

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Papa muda interlocutores da Igreja

É a primeira vez na história da Igreja que um papa convoca líderes de movimentos sociais para um encontro de três dias, e não uma simples audiência protocolar, como a que monitorei em 1980, em São Paulo, ao levar um grupo de sindicalistas, entre os quais Lula e Olívio Dutra, para um encontro com João Paulo II, na capela do colégio Santo Américo.

Líderes de movimentos populares de vários países terão encontro com o papa Francisco nos próximos dias 27, 28 e 29 de outubro, em Roma. Do Brasil estarão presentes João Pedro Stédile, pelo MST e Via Campesina, e representantes da Central de Movimentos Populares, Levante Popular da Juventude, Coordenação Nacional de Entidades Negras, Central Única dos Trabalhadores, Movimento de Mulheres Camponesas e um indígena do povo Terena.

A carta convite é assinada por Stédile e por Juan Grabois, que representa o Movimento dos Trabalhadores Excluídos e a Confederação de Trabalhadores da Economia Popular, da Argentina.

O evento é um desdobramento do simpósio As emergências dos excluídos, realizado em dezembro de 2013, no Vaticano, do qual Stédile e Grabois participaram.

Denominado Encontro Mundial de Movimentos Populares, contará ainda com a participação de 30 bispos, “de distintas regiões, que mantêm fortes vínculos com o trabalho social e os movimentos populares.”

O evento resulta da articulação do Conselho Pontifício de Justiça e Paz, presidido pelo cardeal ganês Peter Turkson, com diversas organizações populares. Tem como objetivos partilhar o pensamento social de Francisco; elaborar uma síntese da visão dos movimentos populares em torno das causas da crescente desigualdade social e do aumento da exclusão no mundo; refletir sobre as práticas organizativas dos movimentos populares; propor alternativas populares para “enfrentar os problemas que o capitalismo financeiro e as transnacionais impõem aos pobres, com a perspectiva de construir uma sociedade global com justiça social, a partir da realidade dos trabalhadores excluídos”, frisa o convite. Enfim, “discutir a relação dos movimentos populares com a Igreja e como avançar nesse sentido.”

Entre painéis e oficinas previstas, destacam-se: “Exclusão social e desigualdade”; “Desigualdade social à luz do documento Alegria do Evangelho”; “Doutrina social da Igreja”; “Meio ambiente e mudanças climáticas”; “Movimentos pela paz”; e “Articulação Igreja e Movimentos populares”.

É a primeira vez na história da Igreja que um papa convoca líderes de movimentos sociais para um encontro de três dias, e não uma simples audiência protocolar, como a que monitorei em 1980, em São Paulo, ao levar um grupo de sindicalistas, entre os quais Lula e Olívio Dutra, para um encontro com João Paulo II, na capela do colégio Santo Américo.

Há, nessa iniciativa, algo inédito: outrora os papas, ao debater a conjuntura mundial, convocavam banqueiros, empresários, homens de negócio. Francisco, coerente com a sua opção pelos pobres, quer ouvir aqueles que os representam, provocando uma mudança significativa na qualidade de interlocutores da Igreja Católica.

Em seu documento Alegria do Evangelho (novembro 2013), Francisco considera o capitalismo intrinsecamente injusto: “Enquanto não se eliminar a exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos será impossível erradicar a violência. Isto não acontece apenas porque a desigualdade social provoca a reação violenta de quantos são excluídos do sistema, mas porque o sistema social e econômico é injusto na sua raiz” (59).

Fonte: http://www.brasildefato.com.br/

25º Domingo Comum – Domingo 21/09/2014

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Desafio da cruz

Cruz

A cruz, formada por uma haste vertical e outra horizontal, é o maior símbolo da vida cristã. No tempo do Império Romano era usada como lugar de execução de quem era condenado à morte. Ela aterrorizava as pessoas, porque o condenado ficava agonizando até morrer, e o cadáver ali apodrecia, sem direito de um sepultamento digno. Era humilhação, tortura e considerada uma maldição.

É difícil compreender o fato de um instrumento de tortura, como esse, tornar-se meio para o seguimento de Jesus Cristo. Um símbolo de maldição que se transforma em caminho de salvação. Isto revela a intensidade com que Deus amou o mundo, descendo no mais profundo da realidade humana. Com isto o sofrimento passa a ser expressão visível de amor até às últimas consequências.

Quem ama de verdade, como o fez Cristo, é capaz de superar situações extremas de sofrimento. Somos iguais nos prazeres e nos sofrimentos, na perfeição e nas imperfeiçoes, uns mais e outros menos. Tudo isto fazendo parte do mistério da vida humana, que deve ser encarado com discernimento, equilíbrio, coragem e vontade de vencer. O importante é não perder o rumo da história.

Duas coisas devem pesar na consciência de todos nós: uma é a prática do amor, da doação, da partilha e de atos com responsabilidade; outra, como ofensa ao Criador, é a prática do ódio, da vingança e do desrespeito. A via da cruz pode ser um grande caminho de libertação, porque supõe a interiorização do amor.

Não é fácil amar a quem nos ofende, como não deve ter sido fácil Cristo, na cruz, dizer aos carrascos: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Portanto, a cruz é um desafio, pois ela exige despojamento do poder sem objetivos altruístas e conquista do bem pelo caminho do bem.

Para muitos cidadãos honestos, uma simples eleição pode ser momento de cruz, principalmente por não conseguir visualizar um candidato que seja confiável. Seu voto pode ser causador de sofrimentos e de muitas cruzes durante mais quatro anos.

ELEIÇÕES À VISTA

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Aproxima-se o pleito eleitoral. Somos movidos e envolvidos, com verdadeira paixão nacional, pelas campanhas políticas já, há mais tempo, nas ruas e, agora, nos meios de comunicação social. Elegeremos presidente da República, governadores, senadores e deputados.

Nossa responsabilidade é grande e crucial: através do voto, influímos, decididamente, para os próximos anos, nos rumos de nosso Brasil e consequentemente na vida de sua gente. Nosso voto não tem preço, tem consequências!

Como cristãos, à luz da fé, não podemos nos eximir de participar, consciente e responsavelmente, da promoção do bem do país, do aperfeiçoamento da vida democrática e a lisura das suas instituições. Temos que dar passos na formação de uma consciência cidadã, interagindo com a política e o processo político-partidário em curso nos municípios, estado e país.

As frequentes notícias de corrupção e desmandos, impetrados, infelizmente, por alguns de nossos políticos, nas diversas instâncias do poder, não podem nos desanimar. Elas, ao contrário, devem nos fazer mais atentos na hora de votar, acompanhando antes os candidatos e suas propostas, verificando o seu passado, o histórico de sua trajetória política e as motivações para seu ingresso na vida política ou em pleitear um novo mandato político.

É preciso também ver, a partir dos programas de seus partidos, a que interesses realmente pretendem servir: a uns poucos, por vezes, privilegiados; ou em favor de todos, apregoando a justiça e o progresso social e a superação das desigualdades sociais e econômicas.

É preciso saber ainda se estão, de fato, comprometidos com as grandes questões do povo, como da superação da pobreza, distribuição de renda, educação de qualidade e para todos, saúde, moradia, alimento, saneamento básico, emprego, segurança, respeito à vida e ao meio ambiente.

Sabemos, contudo, que a nossa cidadania, vivida à luz da fé, não pode parar no voto, na escolha do candidato e na sua eleição. Por vezes, transmitimos aos nossos representantes eleitos a responsabilidade pela condução do país, nos esquecendo de que somos também responsáveis pela permanente construção da sociedade do bem viver que privilegia o humano e o social, colocando a economia a serviço da vida e da inclusão.

Precisamos sonhar, com pés no chão, o sonho de Deus de um mundo para todos, a começar dos pequenos, marcado pela equidade na distribuição dos bens e pelo convívio social, pautado na justiça, na ética e na paz.

Precisamos, depois das eleições, acompanhar as ações e decisões políticas e administrativas dos governantes e parlamentares; cobrar deles o cumprimento das promessas de campanha, apoiando as decisões acertadas e exigindo a punição exemplar de quem só se interessa por suas próprias coisas e age em prejuízo do país e de seus cidadãos.

Para isso é preciso intensificar o controle social sobre a gestão pública e fortalecer as iniciativas populares de formação da consciência política, como de grupos e de escolas de fé e política; de acompanhamento dos mandatos e das ações legislativas e de iniciativas que propõem reformas no sistema político brasileiro.

Foi de grande ganho e alcance a Lei da Ficha Limpa e agora somos chamados a apoiar proposta de lei, via emenda popular, pela reforma política democrática e eleições limpas e o plebiscito popular por uma constituinte para a reforma política, tornando assim o exercício da democracia, em relação aos poderes constituídos, um processo mais transparente, seguro e participativo.
O Papa Francisco lembra que uma fé autêntica nunca é cômoda, nem individualista, comporta sempre um desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela (Evangelii Gaudium, n. 183). De fato, a política é um caminho sublime para o exercício da caridade, a consolidação da democracia e a construção corresponsável de um futuro mais promissor em favor de todos.

É tempo de mudanças, eleições à vista!

PAZ

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Geralmente quando pensamos em paz, pensamos também em guerra. Paz significa somente ausência de guerra? Acho que não. Atualmente o conceito de paz é muito mais amplo e engloba também a busca da paz interior e busca da paz entre os homens e com a natureza. Portanto, podemos dizer que a construção da paz abrange três eixos: a paz interior, significando a capacidade de cuidar bem se si mesmo; a paz social, ou seja, a capacidade de cuidar bem dos outros e a paz ambiental, a capacidade de cuidar bem do ambiente em que vivemos.

Para nós cristãos, no entanto, a verdadeira paz é um dom de Deus que nos reconcilia com Ele. Paz é a própria natureza de Deus. Se Deus está reinando em uma pessoa, sua paz estará nela; se o reino de Deus está se espalhando em algum lugar por meio de nós, então estará ali, em manifestação, esse poder divino. O próprio Jesus é quem disse: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Também em João 14,27, Ele próprio nos concede a paz: “Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo”. Sentimos que a paz que o mundo nos oferece não é a mesma que recebemos de Deus. Ela excede todo nosso entendimento. Ela nos permite descansar no Senhor e, mesmo quando todos os nossos sentidos nos dizem para temer e desesperar, a paz de Deus em nós nos permite rir e alegrar em uma atitude de fé. Essa paz é um direito e um privilégio dos filhos da paz. Somos filhos do Deus da paz.

Como o papa Francisco nos disse, a paz e a alegria são o sinal da presença de Deus na Igreja. Por isso, devemos pedir a Deus esta graça e alimentar em nosso interior, no nosso coração, a presença de Deus que nos dá a paz. E assim, trabalhar para que se implante em nossas comunidades a cultura da paz, onde exista respeito, cuidado, presença, amor, solidariedade, perdão e tolerância.

Também nas palavras do nosso papa, quando o homem pensa só em si mesmo, nos seus próprios interesses e se coloca no centro, quando se deixa fascinar pelos ídolos do domínio e do poder, quando se coloca no lugar de Deus, então deteriora todas as relações, arruína tudo; e abre a porta à violência, à indiferença, ao conflito. E ele nos questiona: é possível percorrer o caminho da paz? Podemos aprender de novo a caminhar e percorrer o caminho da paz? Reflita sobre estas questões, pense em suas relações com você mesmo, com Deus e com seus irmãos e irmãs e dê sua resposta a Deus. Siga o conselho do Papa Francisco e olhe para a Cruz. “Na cruz podemos ver a resposta de Deus: ali à violência não ser respondeu com violência, à morte não se respondeu com a linguagem da morte. No silêncio da Cruz se cala o fragor o fragor das armas e fala a linguagem da reconciliação, do perdão, do diálogo, da paz”.

Meus irmãos e irmãs tenhamos todos a coragem de fazer acontecer a paz, fundamentada na fraternidade, na solidariedade, no amor ao próximo, a partir do amor que nos é dado por Deus, gratuitamente.

Canção Nova exibe matéria sobre processo de beatificação de Dom Luciano

A TV Canção Nova exibiu, nesta quarta-feira, dia 10, em seu jornal diário, “Canção Nova Notícias”, matéria sobre o processo de beatificação de Dom Luciano Mendes de Almeida. A equipe de reportagem, que esteve em Mariana, entrevistou moradores, religiosos e conversou com Dom Geraldo Lyrio Rocha sobre a abertura do tribunal e a vida do bispo, morto em 2006.

Nesta sexta-feira, dia 12, o processo de beatificação de Dom Luciano será tema do programa “Pelos Caminhos da Fé”, com exibição às 22h, também na Canção Nova.

Assista aqui à matéria exibida no telejornal.

Fonte: http://www.arqmariana.com.br/

23º Domingo Comum – Domingo 07/09/2014

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Homilia do Cônego Lauro, feita na Missa de instalação do tribunal para a beatificação e canonização de Dom Luciano

Homilia de 27/08/2014

Memória de Santa Mônica / Leituras feriais: 2Ts 3,6-10.16-18; Sl 127; Mt 23, 27-32

Nesta semana a liturgia da Palavra nos faz refletir sobre a severa censura de Jesus aos escribas e fariseus devido a sua hipocrisia e incoerência no modo de viver. Há um contraste entre o exterior e o interior, entre a aparência piedosa e a fidelidade de coração ao Senhor. Os escribas e fariseus ocupam-se do que é secundário e descuidam do mais importante na Lei do Senhor: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Estão distantes do coração da Lei, que é o amor a Deus e ao próximo, como mostrou Jesus.

Por outro lado, a leitura de Paulo nos permite contemplar o verdadeiro ministério apostólico do discípulo de Jesus Cristo. O comportamento de Paulo é exemplar, realista, concreto, totalmente dedicado ao seu apostolado, podendo se apresentar como modelo a ser seguido na generosidade do empenho missionário, nas fadigas, na confiança em Deus, na delicadeza de não querer ser pesado a ninguém.

É claro que as leituras proclamadas são uma advertência para todos nós, discípulos de Jesus. Particularmente para nós que nos reunimos hoje na Catedral de Mariana para agradecer a Deus a vida doada de Dom Luciano e para a abertura da fase diocesana do seu processo de beatificação e canonização. Consola-nos saber que na vida de Dom Luciano Mendes de Almeida brilhou a coerência entre o exterior e o interior. A sua profunda experiência de Deus, começada no seio de sua família, aprofundada e consolidada na Companhia de Jesus, provada e radicalizada na vivência rica e diversificada de seu ministério episcopal, desafiada e aumentada pela configuração à Cruz de Jesus Cristo no acidente que quase lhe tirou a vida e na dolorosa enfermidade que o levou, faz dele um modelo de discípulo missionário de Jesus Cristo para os nossos dias. Em nome de Jesus, cultivou toda a sua gratidão a Deus pelo amor recebido na gratuidade de uma vida feita para ajudar. Ajudar cada pessoa a encontrar Deus. Sim, não tenhamos dúvida em afirmá-lo! É disso que se tratava. Em seus gestos mais simples de ajuda, em seu olhar e em seu sorriso, o que desejava e deixava transparecer era a ternura e o amor de Deus: “Deus é bom! É bom ser bom!”. A gratuidade do amor de Deus que experimentou, encontrou a sua gratidão total na gratuidade de sua vida doada, na alegria de servir por amor. Ajudar: ajudar a todos! Ver Deus em cada um e cada um em Deus. Ajudar a Igreja a ajudar. Servidor competente e dedicado, sem ingenuidades, mas sem confundir meios e fins. Era minucioso, atento, sensível, caprichoso, mas sabia muito bem o que era o principal: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. O primado do amor a Deus e ao próximo orientava a sua vida. Por isso acreditava, perdoava e esperava diante de cada pessoa. Não viveu na ociosidade, não perdia ocasião para fazer o bem. No seguimento de Jesus e a exemplo de Paulo, foi um missionário incansável.

Dom Luciano, sempre na fidelidade a Jesus e “sentindo com a Igreja”, ajudou a Igreja do nosso tempo a ser a Igreja da misericórdia, da opção preferencial pelos pobres, pecadores e sofredores de todo tipo.

Hoje temos a alegria de dar início à fase diocesana de seu processo de beatificação e canonização. Tomemos a palavra forte de Jesus no Evangelho proclamado nesta liturgia como advertência e apelo. Empenharmo-nos pela beatificação e canonização de Dom Luciano deve comprometer-nos com a sua vivência radical do Evangelho de Jesus: o primado do amor a Deus e ao próximo na busca da justiça, da misericórdia e da fidelidade à Palavra de Deus. Em comunhão com toda a Igreja, abertos ao que o Espírito Santo nos tem dito com o Papa Francisco e a sua Evangelii Gaudium, com a Conferência de Aparecida, com as orientações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB e com os sinais dos tempos, busquemos ser uma Igreja “em saída missionária”, em direção às periferias sociais, culturais e existenciais. Perguntemo-nos honestamente, existencialmente: em que podemos ajudar? A partir de tantas graças recebidas de Deus, particularmente da vida e ministério de Dom Luciano, disponhamo-nos com mais generosidade a nos lançar na aventura de servir por amor no seguimento de Jesus!

A vida de Dom Luciano é parábola do Evangelho de Jesus, como acontece com a vida dos santos. Dom Luciano nos ensinou a assumir o “olhar de Deus” em relação ao mundo, às pessoas e a nós mesmos. Trata-se do olhar da fé. Permitam-me ilustrá-lo apenas com uma cena ocorrida em Mariana, em dezembro de 2002. Um jovem tentou roubar uma casa lotérica e deparou com um policial à paisana. Houve troca de tiros: Praça da Sé, Rua Direita. O jovem foi ferido. A médica que passava pelo local correu para socorrê-lo, cumprindo o seu dever profissional. Dom Luciano, que estava em reunião na Cúria, diante dos tiros e do ferimento, saiu ao encontro do assaltante. A cena foi captada por fotografia publicada em jornal local. O policial com a arma direcionada para o assaltante, a médica prestando-lhe os primeiros socorros e o bispo inclinando-se com o olhar voltado para o jovem e dirigindo-lhe a palavra: “meu filho!” O olhar do assaltante e o olhar do bispo se encontram: acolhimento amoroso, dor e arrependimento. O olhar do bispo e a sua palavra representavam o olhar paterno de Deus…

Ao assumir a função de postulador da Causa de Beatificação e Canonização de Dom Luciano em sua fase diocesana, dirigi-me à cripta e diante do túmulo de Dom Luciano rezei e pedi a sua ajuda. Fui direto ao ponto, pensando em convencê-lo a colaborar: “para o senhor não acrescenta nada, pois já se encontra na glória do Pai, mas para nós, para a Igreja que está a caminho, é importante, é uma bênção, um estímulo…”

Dom Luciano deixou-nos uma imagem de Igreja ministerial e samaritana, a serviço do Reino de Deus, sem triunfalismos e disposta a carregar a cruz na configuração ao Senhor como serviço à vida e à esperança.

Como acontece com os santos, com Dom Luciano nós aprendemos um pouco mais o jeito de Jesus. Verdadeiramente ele viveu e nos ensinou “In Nomine Iesu!”

Cônego Lauro Sérgio Versiani Barbosa
Postulador

22º Domingo Comum – Domingo 31/08/14

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