Muito se fala sobre acolhida. Muitas receitas são elaboradas. Até mesmo temos uma pastoral com esse nome: pastoral da acolhida! Mas do que precisamos mesmo para acolher? Às vezes, fico pensando que perdemos muito tempo elaborando estratégias, discursos muito bonitos sobre a importância de acolher, o que devemos fazer e tudo mais. E enquanto gastamos nossas forças e energias pensando nestas coisas, a ação mesmo de acolher não acontece. Então, o que é preciso para acolher?
Recentemente, tive a oportunidade de visitar uma casa simples e pobre. Dizem que a nossa casa revela quem somos. Apesar de não conhecer pessoalmente os moradores daquela pequenina casa senti-me profundamente acolhido. A casa não tinha muita coisa, não tinha móveis elaborados e objetos requintados. A cozinha pequena indicava um lugar em que a refeição era feita com alimentos simples, às vezes escassos. Mas aquela casa tinha tudo. Ali pude sentir a presença de Deus. Daí que concluí que, na casa dos pobres, Deus sempre encontra lugar!
Se o nosso coração não tiver muita coisa, não se ocupar de tantas tarefas, não estiver preocupado apenas consigo mesmo, pode ser que ele seja como essa casa: ao mesmo tempo em que não tem nada, tem tudo. O que é preciso para acolher? Nada! Sim, não precisamos de nada, pois se nos enchemos demais nunca haverá espaço para o outro como ele se apresenta a nós.
Façamos, portanto, essa experiência: paremos de dizer que precisamos acolher e acolhamos. Deixemos que os outros encontrem em nosso nada o tudo de Deus!