A devoção ao Sagrado Coração de Jesus

Na riqueza litúrgica de nossa Igreja Católica, estamos terminando o mês especialmente dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. Na sexta-feira depois da oitava da festa do Corpo de Deus, a Igreja celebra a festa do Sagrado Coração de Jesus, com atos coletivos de devoção e reparação às ofensas ao Deus de Amor. Como forma de gratidão, louvor e retribuição por tantas e tão grandes provas de amor do divino Coração de Jesus, a Igreja dedica à essa devoção, não só a primeira sexta-feira de cada mês, mas também todo o mês de junho.

Mas por que essa devoção tão antiga? Em que se fundamenta?

Vemos, sempre, nas Escrituras Sagradas, a referência à palavra “coração” e, segundo os exegetas, é uma das palavras que mais aparecem na Bíblia (853 vezes no AT e 156 no NT). Imaginava-se o coração como a sede dos pensamentos, das paixões, dos vários sentimentos humanos e, por isso, tornou-se uma imagem para também expressar as emoções de Deus.

Lembremo-nos que Deus amou tanto a humanidade, que assumiu um coração humano, para chegar até nós e expressar seus sentimentos e ensinar-nos como transformar nossos corações, por seu Espírito Santo, até que sejamos semelhantes ao “coração” de Deus… Assim, por essa devoção, a Igreja nos convida a contemplar e reverenciar esse “coração” de Deus, revelado em Cristo, o Bom Pastor que veio para tenhamos a vida, e a vida em plenitude (Jo 10, 10).

Foi no Calvário, aos pés da cruz, junto a Maria e a São João, que nasceu a espiritualidade ao Coração de Jesus, quando o discípulo amado, contemplou, por primeiro, que do Coração do Mestre, ao ser transpassado pela lança jorraram sangue e água (Jo 19, 34). E ele confessa para nós essa sua experiência do amor de Deus, o seu sentido mais profundo: “aquele que viu dá testemunho e o seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que diz a verdade, para que também vós creiais”(Jo 19, 35). E mais, João vê aí a realizar-se a profecia de Zacarias: “aconteceu isso para se cumprir a Escritura que diz: contemplarão aquele que transpassaram!” (Zc 12,10).

Do Coração transpassado de Jesus é que nasce a nova humanidade – a Igreja e seus sacramentos – pela água do Batismo e o sangue da Eucaristia.

Assim, temos em João o fundamento bíblico de dois elementos dessa espiritualidade do Coração de Jesus: a Contemplação e a Reparação.

Ao contemplarmos a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, lembramo-nos que o seu Coração de Jesus Cristo continua sendo transpassado pela nossa ingratidão e pelos pecados de toda a humanidade!

Essa devoção já antiga teve um grande impulso após a aparição e revelações do Sagrado Coração a Santa Margarida Maria Alacoque, religiosa visitandina (da Ordem da Visitação de Santa Maria), em um mosteiro na França. No dia 16 de junho de 1675, durante uma exposição do Santíssimo Sacramento, Jesus lhe apareceu e, descobrindo seu Coração, disse-lhe: “Eis o coração que tanto tem amado aos homens e em recompensa não recebe, da maior parte deles, senão ingratidões pelas irreverências e sacrilégios, friezas e desprezos que tem por Mim neste Sacramento de Amor”. As aparições de Jesus a ela se repetiram por outros dois anos, toda primeira sexta-feira do mês.

Daí a tradição de se celebrarem todas as primeiras sextas-feiras em honra ao Sagrado Coração de Jesus. Para nós, católicos, esses devem ser dias de louvor e gratidão ao Coração de Jesus e também de reparação, pela ingratidão, frieza, desprezo e sacrilégios que muitas vezes sofreu na Eucaristia, por parte de maus cristãos, e quantas vezes até por parte de pessoas que se consideram piedosas.

Em nossa Paróquia de Fátima, o Apostolado da Oração é expressão viva dessa devoção tão cara à tradição da Igreja. Visitando as páginas da memória, na Ata de Fundação do Apostolado da Oração em Fátima, lemos o que escreveu o Arcebispo Dom Oscar de Oliveira, em 30 de outubro de 1979: “O Apostolado da Oração, praticado como deve ser, tem produzido os mais belos frutos de fervor e piedade no Brasil e, especialmente, em nossa Arquidiocese”.
Aqui registramos nossa admiração e gratidão àquela que foi sua primeira Presidente, D. Nininha, a Sra. Mariana Roque de Freitas, já falecida. Hoje, o Apostolado, sob a liderança dedicada e competente da Sra. Neide Queiroz Rodrigues, desde o dia 24 de maio de 1998, vem crescendo cada vez mais em sua missão, recebendo novos membros, dispostos a prosseguir servindo a Igreja, propagando essa devoção, principalmente, comprometidos em orar pelas intenções do Santo Padre e de todo o Povo de Deus.

Na manhã do último dia 12, às 7 horas, foi celebrada com alegria e simplicidade, a Solenidade do Coração de Jesus, oportunidade em que nosso caríssimo Pároco, Cônego Lauro entregou a fita do Apostolado a 18 novos membros, que para tal se prepararam com zelo e piedade. Destacamos, dentre estes, o adolescente de 10 anos, João Carlos da Silva, o mais jovem Apóstolo da Oração de nossa Paróquia, que nos deu um belo testemunho de amor e comprometimento para com a causa do Coração de Jesus!

Fica aqui o convite para tantos outros jovens e adultos, a se somarem ao Apostolado da Oração, levando em frente o exemplo de tantas e tantos que vêm se esforçando por apoiar e sustentar a caminhada da Igreja pela oração e pelo serviço silencioso, humilde, alegre e desinteressado…

Também, como gesto de desagravo a tantas ofensas ao Sagrado Coração, vimos, em todo o mês, emocionados, tantos pais trazerem seus meninos à Paróquia, para homenagearem a Jesus. Foram momentos de piedade e alegria para todos nós, ao ouvirmos suas vozes alegres e sinceras, a oferecer ao Nosso Senhor a cruz (que simboliza as nossas cruzes, nossas lutas de cada dia, unidas à Sua cruz), a âncora (nossas esperanças no amor de Deus), o coração (nosso desejo de amar como Jesus amou) e a coroa, símbolo de nossa reverência à Sua realeza e poder sobre os nossos corações, nossas vidas.

No Evangelho de Mateus, o próprio Jesus nos convida: “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para vossas almas, pois o meu jogo é suave e o meu fardo é leve” (MT 11, 28-30). Esse é o nosso consolo, essa é a certeza que nos alegra, pois, em meio a uma sociedade que nos convida a buscarmos uma religiosidade milagreira, com soluções fáceis e alienantes, o Mestre nos oferece a sua graça, o seu exemplo, a sua Palavra e nos convida a tomar o Seu próprio fardo, a unirmos à Sua cruz, a nossa cruz de cada dia, para nos fortalecer na caminhada! Por isso, aprendamos com Ele e, agradecidos e confiantes, em seu Sagrado Coração busquemos a força e a coragem para também aliviarmos as cruzes de nossos irmãos, sendo Igreja em saída, seguindo os passos do Mestre.

Jesus, manso e humilde de coração,

Fazei nosso coração semelhante ao vosso!

Que o Sagrado Coração de Maria, nossa Mãe de Fátima, ajude-nos e nos ensine a cada dia, com seu exemplo de fé, amor, doação e coragem, a fazer tudo o que Ele nos disser.

Comunidade se prepara para celebrar a Festa do Sagrado Coração de Jesus

Entre os dias 11 a 20 de junho a comunidade do Paraíso festeja seu padroeiro. Participe!

A comunidade do Paraíso se prepara para celebrar a festa do seu padroeiro, Sagrado Coração de Jesus, no próximo dia 20 de junho. Entre os dias 11 a 19, acontecerá a novena, que contará com a presença das outras comunidades da paróquia. Durante estes dias, a imagem do Sagrado Coração de Jesus visitará as famílias da comunidade. Acompanhe a programação e participe!

PROGRAMAÇÃO

11/06 – Sexta-feira

“Darei às almas dedicadas ao meu Coração todas as graças necessárias ao seu estado”

19h: Adoração ao Santíssimo

19h30min: Celebração Eucarística

Participação especial da comunidade Nossa Sra. de Fátima (Fátima)

12/06 – Sábado

“Farei reinar a paz em suas famílias”

19h: Celebração da Palavra

Participação especial da comunidade Sagrada Família

13/06 – Domingo

“Serei seu refúgio seguro durante a vida e, sobretudo na hora da morte”

17h: Celebração da Palavra

Participação especial da comunidade São Bartolomeu (Palmital)

14/06 – Segunda-feira

“Derramarei copiosas bênçãos sobre todas as suas empresas”

19h: Celebração da Palavra

Participação especial da comunidade Bom Jesus

15/06 – Terça-feira

“Os pecadores acharão em meu Coração a fonte e o oceano infinito da misericórdia”

19h: Celebração da Palavra

Participação especial da comunidade Nossa Senhora da Conceição (Nova Viçosa)

16/06 – Quarta-feira

“As almas tíbias se tornarão fervorosas”

19h: Celebração da Palavra

Participação especial da comunidade Santa Luzia (Romão dos Reis)

17/06 – Quinta-feira

“As almas fervorosas elevar-se-ão rapidamente a uma grande perfeição”

19h: Celebração da Palavra

Participação especial da comunidade São Francisco de Assis (Juquinha de Paula)

18/06 – Sexta-feira

“Abençoarei as casas em que se achar exposta e for venerada a imagem do meu Coração”

19h: Celebração da Palavra

Participação especial da comunidade São José (Bela Vista)

19/06 – Sábado

“Darei aos sacerdotes o dom de tocar os corações mais endurecidos”

19h: Celebração da Palavra, em seguida levantamento do Mastro, anunciando a festa do Sagrado Coração de Jesus.

Participação especial da comunidade Nossa Senhora Aparecida (Posses)

20/06 – Domingo

Festa do Sagrado Coração de Jesus

16h: Procissão

17h: Celebração Eucarística

Junho do Coração de Jesus

A Igreja celebra neste mês de junho a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Uma festa bonita que recorda a todos o amor do Senhor pela humanidade. Assim suplicamos na oração desta festa: “Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, alegrando-nos pela solenidade do Coração do vosso Filho, meditemos as maravilhas de seu amor e possamos receber, desta fonte de vida, uma torrente de graças.”

Diz o evangelista João que “a Deus ninguém nunca viu” (1,18). Porém, o Filho nos revela o Pai e nos dá a conhecer o seu plano de salvação. Também o amor ninguém nunca viu. Aliás, é o próprio João quem vai dizer que “Deus é amor” (1Jo 4,16). Contudo, assim como o Filho nos revela o Pai, também revela o verdadeiro amor. Por isso, a oração da festa do Coração de Jesus nos convida a meditar sobre as “maravilhas do seu amor”. Mas quais seriam estas maravilhas? Penso em algumas que gostaria de partilhar.

1 – A maravilha da encarnação. Celebrar o Coração de Jesus é celebrar a encarnação do verbo. O verbo se fez carne. O amor de Jesus é um amor que se concretiza no chão da história, dos acontecimentos, que se encarna em nosso meio. Quem ama deseja estar próximo do amado ou da amada. Deus, amando o ser humano, em Jesus Cristo se aproxima de cada um de nós. Faz sua morada em meio a nossa morada. É a experiência da Kenosis, quer dizer, do esvaziamento. Aqui está o centro dessa maravilha: esvaziou-se de si, de sua condição divina, para se encher do humano.

2 – A maravilha do seu jeito de ser. Talvez não seja tão difícil aceitar que Deus tenha assumido a condição humana. Dificuldade maior está em aceitar que Deus tenha assumido e vivido essa condição na pobreza, na simplicidade e na humildade. Para muitos, o escândalo não é que Deus tenha se tornado ser humano e sim que ele tenha se tornado pobre, sem regalias, sem chamar atenção para si, vivendo grande parte de sua vida no anonimato, numa pequenina cidade da galilélia, periferia do mundo judaico, terra de gente pobre, que não fala direito, que não tem direito, que é explorado e oprimido. Com certeza, se Jesus nascesse em “berço esplêndido”, filho de uma grande rainha, fosse educado como um príncipe não haveria escândalo algum.

3 – A maravilha do servir. O discípulo amado revela em seu evangelho a fonte do amor: o serviço. Nele, ao invés de definir o que é o amor, simplesmente narra o amor. A última ceia é a fonte do amor de Jesus e seus frutos são a Eucaristia e o Sacerdócio, instituídos para o serviço à humanidade. A eucaristia serve ao mundo como alimento e o sacerdote serve o alimento ao mundo. Deve ser por isso que São João Maria Vianney afirmou: “O sacerdócio é o amor do coração de Jesus”. Um amor que não faz dele um privilegiado, mas um servidor.

4 – A maravilha da Cruz. Eis a prova maior: dar a vida pelos outros. A cruz se torna maravilha porque é assumida por Jesus como uma etapa da sua vida. “Tendo amado os que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Aqui, “amar até o fim” não significa apenas que Ele nos amou até o fim de sua vida terrestre. Mas que ele nos amou em plenitude, totalmente, até o máximo possível que se pode amar. Enquanto muitos esperavam um gesto ou uma atitude extraordinária como prova de amor, simplesmente deixou-nos a cruz: loucura para uns, insensatez para outros, amor para nós.

Neste mês do Coração de Jesus façamos a experiência de meditar estas maravilhas e penetrar no mistério profundo desse coração. Ninguém será discípulo verdadeiro se antes não sentir e habitar esse coração. Mais do que isso: ninguém será discípulo se não assemelhar o seu coração ao coração do mestre, bom pastor que dá a vida por amor.

XVI Congresso Eucarístico Nacional

Em Brasília, “coração do governo da nação”, aconteceu nos dias 13 a 16 de maio o XVI Congresso Eucarístico Nacional, cujo tema foi “Eucaristia, Pão da Unidade dos Discípulos Missionários” e o lema; “Fica Conosco, Senhor!”

Desde o primeiro Congresso Eucarístico ocorrido no Brasil no ano de 1933, nossa Igreja tem experienciado de tempos em tempos a graça de prestar culto público ao Santíssimo Sacramento e certamente, colhido os frutos exitosos que advêm de tão salutar dádiva para a Igreja.

Um desafio que observamos na cidade era a expectativa de que o Congresso Eucarístico despertasse nos cidadãos do Distrito Federal, a alegria e a esperança, a contrapor o sentimento acanhado que perdura após o longo período de sucessivos escândalos políticos.

Pontos altos marcaram o Congresso Eucarístico a exemplo da missa de abertura no dia 13 de maio; a procissão com o Santíssimo do Centro de Convenções até a Esplanada dos Ministérios; a missa da juventude presidida por Dom Geraldo Lyrio Rocha, seguida da vigília dos jovens diante de Jesus Eucarístico até as seis da manhã e, finalmente a missa de encerramento.

Eventos destinados exclusivamente aos delegados das dioceses brasileiras, previamente inscritos, ocorreram no centro de convenções, sendo estes mais centrados como os simpósios teológico e de bioética, as oficinas temáticas e momentos de oração como a Liturgia das Horas e missa.

Ao longo dos dias outras atividades paralelas aconteceram: adoração, missas celebradas pelos bispos nas 120 paróquias daquela arquidiocese, a primeira comunhão eucarística de mil crianças, exibição fotográfica sobre os milagres eucarísticos, jornada sacerdotal.

Nossa participação se deu, em comunhão com cerca de outros vinte delegados da Arquidiocese de Mariana, naqueles eventos ocorridos na esplanada e nos simpósios e oficinas. Uma percepção nítida foi da ausência de um maior número de leigos e leigas das dioceses brasileiras. Notável no entanto a qualidade com que os expositores apresentaram os temas a eles confiados. No entanto, pareceu-me limitado uma exposição que contemplasse as realidades sofridas de nossas comunidades, especialmente em vista da necessidade de uma Igreja que deve voltar as atenções com ardor pastoral para as comunidades mais pobres e sofredoras e na luta contra as situações que carecem de transformação a partir da experiência com a Eucaristia.

A Arquidiocese de Brasília demonstrou eficácia na organização de todo o Congresso. As hospedagens dos congressistas foram em casas de famílias e somos testemunhas da extrema fraternidade e acolhida com que cuidaram dos participantes naqueles dias. Em nada as famílias brasilienses deixaram a desejar.

A missa de encerramento com mais de 90 mil pessoas, num sol escaldante, em temperatura superior a 32 graus foi presidida pelo Cardeal Cláudio Hummes, enviado especial do Papa Bento XVI, que afirmou que o congresso manifestou uma vez mais que a Eucaristia é fonte e centro da vida da Igreja e de cada cristão. Dom Cláudio destacou ainda, alguns dos diversos mártires brasileiros que morreram dando testemunho do amor de Cristo na Eucaristia, propondo aos sacerdotes imitá-los no seguimento a Jesus Cristo e no amor à sagrada Eucaristia. Ao final, Dom Geraldo anunciou que a CNBB aprovou a realização do próximo Congresso Eucarístico em Belém, no Estado do Pará.

Finalmente, penso que o XVI Congresso de Brasília dará frutos à Igreja do Brasil e já serviu ao povo da arquidiocese de Brasília para reerguê-los na fé e na auto-estima, sobretudo, neste tempo de penúria política. Igualmente, mostrou ao Brasil inteiro, pelo testemunho vivo revelado a todos nós que convivemos por lá aqueles dias de graça, que Brasília é lugar onde há muita gente boa, tem um povo acolhedor e adorador de Jesus Eucarístico e daquele planalto irradia a motivação para que sejamos todos, discípulos missionários de Jesus Cristo, o verdadeiro Pão da Unidade.