A sessão pública de encerramento com as formalidades canônicas da fase diocesana do processo de beatificação do Servo de Deus, Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, foi realizada na última sexta-feira (15), no Santuário de Nossa Senhora do Carmo, em Mariana. Os documentos do processo serão encaminhados ainda nesta segunda-feira(18) para a nunciatura apostólica, que se encarregará de levar para Roma.
A cerimônia foi iniciada com uma missa em ação de graças, presidida pelo administrador apostólico de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, e concelebrada pelo bispo auxiliar emérito de Brasília, Dom João Evangelista Martins Terra, da Companhia de Jesus, pelo bispo auxiliar de Belo horizonte, Dom Geovane Luís da Silva, pelo bispo de Leopoldina, Dom José Eudes Campos do Nascimento e alguns padres. Estiveram presentes familiares e amigos de Dom Luciano, além de padres jesuítas.
Reconhecendo o empenho dos membros do tribunal estabelecido para o processo, o promotor de Justiça, Dom Geovane Luís da Silva, informou que durante os quase quatro anos que perdurou a fase diocesana, cerca de 70 sessões foram realizadas e mais de 60 pessoas foram ouvidas, dentre elas, cristãos leigos e leigas, religiosos e religiosas, padres e membros do episcopado brasileiro.
Dom Geovane disse que o objetivo da Arquidiocese com o término do Processo em nível Arquidiocesano é que a Igreja, iluminada pelo Espírito Santo, avalie a documentação e identifique a palavra que o Senhor quer transmitir através da vida e testemunho do Servo de Deus.
Os membros que compõem o tribunal, o administrador Apostólico, o juiz delegado, o promotor de justiça, o postulador na fase diocesana, Cônego Lauro Sérgio Versiani Barbosa, e os notários, padre Edmar José da Silva e Edite Reis da Paciência, prestaram juramentos colocando a mão sobre a Bíblia e assinaram a ata da sessão. No final da cerimônia, as mais de 6 mil páginas que formam o processo e a ata foram inseridas dentro de uma arca de madeira lacrada com o sinete de Dom Geraldo, aplicado sobre a cera derretida, que permanecerá guardada na Cúria. Outras duas cópias serão levadas para a nunciatura apostólica, ainda nesta segunda (18), pelo portador, Cônego Lauro Sérgio Versiani Barbosa.
Antes de declarar encerrada a sessão, o administrador apostólico ressaltou que a última palavra a respeito da declaração de santidade de Dom Luciano é a do Santo Padre e anunciou que as notícias de graças alcançadas podem ser dadas ao Tribunal.
Reconhecimento
Na homilia da missa em ação de graças, Dom Geraldo, comparou a experiência do encontro de Dom Luciano com Deus com a do profeta Elias, que viveu de forma profunda as bem-aventuranças, narradas na proclamação do Evangelho (Mt 5,1-12). “O papa Francisco, na exortação apostólica, Gaudete et Exsultate, nos recorda as bem-aventuranças como um caminho para a santidade. Como Dom Luciano buscou encarnar em sua vida essa mensagem tão forte do Evangelho de Jesus, a Arquidiocese de Mariana se sentia motivada a solicitar a Sé Apostólica a permissão para se instaurar o processo de beatificação daquele que foi o 4º Arcebispo desta igreja particular, de quem eu tive a grande honra de suceder como 5º Arcebispo”, destacou.
O postulador da fase arquidiocesana, Cônego Lauro Sérgio Versiani Barbosa, destacou durante a sessão de encerramento que a vida de Dom Luciano, as funções que ele desempenhou e os serviços realizados “sublinham a relevância eclesial” da sua Causa de Beatificação. “A trajetória humana e espiritual de Dom Luciano evidencia o triunfo da graça de Deus em sua vida, tudo realizando para a maior glória de Deus e bem dos irmãos. […] Na configuração a Jesus Cristo, [Dom Luciano] aceita uma vida sem privilégios, partilhada, solidária na dor, abraçando a cruz. Sua vida se tornou parábola do Evangelho de Jesus”, afirmou.
A advogada Antônia Accarino Mucciolo, conhecida como Toninha, que trabalhou com Dom Luciano por cerca de 30 anos, diz ter revivido durante a sessão as memórias que guarda dele. “Eu o ajudava muito em missão quando ele era bispo auxiliar de São Paulo, ajudava na agenda dele e, depois, na época da doença, eu o acompanhei no hospital. Estar aqui fez passar na minha cabeça toda uma história. Uma história de graça. Dom Luciano era um santo, a gente quando fala de santo acha tão longe e ele viveu tão perto de nós, realmente foi uma graça muito grande”, reconhece.