“Que esta X Assembleia dos Organismos do Povo de Deus seja um kairós, um tempo de graça de Deus para a vida da Igreja e que ajude a apontar caminhos para Igreja no Brasil.”
Com o tema “Comunhão e Missão: caminho para a Igreja do Brasil”, aconteceu em Brasília-DF, a abertura da X Assembleia dos Organismos do Povo de Deus. Ela acontece entre os dias 14 a 16 de outubro. O lema que anima e inspira o caminho a ser feito é “Preservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (cf. Ef. 4,5). Assim, o dia 14 de outubro foi marcado por dois acontecimentos importantes para a Igreja no Brasil.
Primeiro, a celebração dos 70 anos da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com sua busca de construção da comunhão eclesial. A Celebração de ação graças foi presidida pelo Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambatistta Diquattro. Como parte da comemoração, aconteceu também a inauguração de um Auditório que recebeu o nome de João XXIII, homenageando o Papa que convocou o Concílio Vaticano II, bem como de uma Casa de Encontros dedicada a Dom Luciano Mendes de Almeida. Ele repetia sempre: “Em que posso ajudar?”. Com essa referência, Dom Joel, Secretário Geral, enfatizou-se a missão da CNBB de sempre estar a serviço do povo de Deus na vivência e testemunho do Evangelho.
Outro acontecimento importante foi a abertura da X Assembleia dos Organismos do Povo de Deus. Encontro que reúne representantes da totalidade do povo de Deus: cristãos leigos e leigas, membros dos Institutos seculares, da Vida Religiosa Consagrada, representantes dos diáconos, dos presbíteros e dos bispos. Um encontro que expressa a busca da “sinodalidade” na Igreja do Brasil, desde a sua primeira assembleia, em 1991.
Dom Walmor de Oliveira Azevedo, atual Presidente da CNBB, por motivos de saúde, não pode estar presente e enviou uma vídeo mensagem para os participantes da Assembleia. Ele destacou que vivemos tempos de grandes dificuldades, mas também de riquezas e entre elas, uma grande riqueza e representada pelos Organismos do Povo de Deus. Assim, de corações abertos à graça de Deus, no amor fraterno e sororal desejou que seja reforçada a comunhão na Igreja do Brasil.
Cada representante dos vários Organismos teve oportunidade de fazer uso da palavra no momento de abertura da Assembleia. Moema, em nome dos Institutos Seculares destacou o tema da Assembleia: “Comunhão e missão: caminhos para a Igreja no Brasil” e o lema: “Preservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (cf. Ef 4,3). Enfatizou que no tema e lema desta Assembleia encontra-se o caminho para uma Igreja sinodal, sempre atenta ao grito da terra e ao cuidado com nossa Casa Comum. O Diácono Francisco reforçou que cada batizado é co-responsável pela missão da Igreja e, diante da crise civilizatória que vivemos, é preciso discernir os sinais dos tempos. A Igreja participativa, sinodal, é chamada a articular a participação de todos e o ministério ordenado precisa recuperar a sua comunhão seguindo de perto a Jesus, servidor de todos.
Padre André, presidente do Conselho Nacional dos Presbíteros, reforçou a importância da Assembleia dos Organismos do Povo de Deus como espaço de comunhão sinodal, como “vinho novo” para nossa Igreja. Sônia, presidente do Conselho Nacional do Laicato, destacou que a sinodalidade não pode perder de vista a colegialidade. Olhando para a SSma. Trindade, somos todos iguais, precisamos caminhar juntos para dar respostas urgentes aos clamores do povo, nas periferias geográficas e existenciais. Para isso é preciso vencer o clericalismo, em todas as suas formas e dimensões, pois este vem sendo empecilho para a missão da Igreja. No final de sua fala, Sônia, em nome do CNLB, presenteou a CNBB com uma placa comemorativa pelos 70 anos da CNBB
Na sequencia, Dom Jaime, 1º Vice Presidente da CNBB, salientou a importância da Assembleia reconhecendo que somos todos irmãos, enfatizou a necessidade de rezar a realidade para favorecer o discernimento por meio de um diálogo fraterno de irmãos e irmãs. Irmã Eliane, representando a Vida Religiosa Consagrada, reforçou o compromisso com a justiça e a dignidade da vida do povo e que, em um Brasil tão injusto e desigual, vale a pena dar a vida por uma causa, como Igreja servidora do Evangelho e dos pobres.
Depois das falas de abertura, Laudelino fez uma memória das Assembleias anteriores por meio de uma contextualização eclesial e social da caminhada dos Organismos do Povo de Deus. Fundamentando-se nos documentos da Igreja lembrou que as raízes desta caminhada encontram-se no Vaticano II, de modo especial na Constituição Dogmática Lumen Gentiun e que, mesmo antes de tratarmos da sinodalidade, já a experimentamos nessa caminhada das Assembleias dos Organismos do povo de Deus. E com boa fundamentação bíblica expressou, com clareza, a contextualização social e, diante do quadro político atual, cheio de tantas contradições e ameaças, não dá para ficar do lado de quem apóia a morte, a violência, o ódio, a mentira e finalizou citando Charles de Foucauld: pergunte o que Jesus faria neste contexto e faça.
Que esta X Assembleia dos Organismos do Povo de Deus seja um kairós, um tempo de graça de Deus para a vida da Igreja e que ajude a apontar caminhos para Igreja no Brasil.