Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima

Refletindo sobre a Paz que buscamos e queremos ter e a que temos no momento, veio em minha lembrança a situação de violência vivida por nossas comunidades nos últimos tempos e especificamente nestes primeiros meses de 2014. Quando lemos os jornais que circulam na cidade de Viçosa, parece que eles vão verter sangue tamanho o número de atos de violência contra a vida.

Um grande gênio, famoso, o cientista Albert Einstein já dizia que “a paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos”, mas o que na verdade temos presenciado em nosso cotidiano é que a vida humana, para muitos, parece ter perdido o sentido, banalizou-se o valor humano e supervalorizou-se o “dente por dente, olho por olho”. Um exemplo disso é o que temos testemunhado em Viçosa, por meio das últimas ocorrências policiais, que mostram como os índices de violência têm aumentado assustadoramente.

A intolerância, o desamor, o afastamento de Deus, a insensibilidade têm transformado homens e jovens em máquinas geradoras de ‘morte’, máquinas que dilaceram o coração de famílias inteiras, de comunidades inteiras, que machucam o coração de Jesus e o nosso também!

O Papa Francisco há pouco tempo nos recordou que “a Quaresma é o caminho de conversão, de luta contra o mal, com as armas da oração, do jejum, da misericórdia”.

Partindo deste princípio e do clamor de leigos e leigas que vivenciam e sentem na pele este momento de dor e perda é que foi realizado um dia de jejum e oração pela paz no dia 14 de março, na Comunidade de São José, bairro Bela Vista, conhecido por muitos como “Morro do Pintinho”.

Foi um momento muito forte de oração e união de todas as comunidades irmãs da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, sob o apoio e atuação do nosso pároco Pe. Wander Torres, num apelo orante para que a sociedade acorde, que as autoridades percebam que o povo sofre e que acima de tudo não desanima; pelo contrário, se incomoda e se solidariza com os problemas alheios, se inquieta… e deseja a paz!

Durante todo o dia, desde as 6 horas da manhã, o Santíssimo Sacramento esteve exposto na Capela da comunidade, com o povo em Vigília e Adoração, durante todo o dia. Saía um grupo de pessoas, entrava outro grupo e a comunidade Bela Vista, na pessoa de tantos moradores que ali se encontravam, pôde perceber a presença solidária, fraterna e comunitária dos que ali estiveram.

No início da noite, saímos em caminhada pelas ruas e vielas da comunidade, à nossa frente Jesus Sacramentado e atrás dele uma multidão de fé e de esperança por dias melhores.

Descendo e subindo aquelas ladeiras, foi possível compartilhar um pouco da vida daquelas pessoas, que como tantos de nós têm sofrido na carne a falta de segurança pública e os descasos de nossas autoridades.

Os lamentos destas famílias, que são violentadas diariamente em suas, casas, em nossas comunidades, em nossa cidade, são também os nossos lamentos, nesta cruel realidade de ver nossos jovens serem assassinados, jogados à margem deste rio de hipocrisia política e social, marginalizados pelo crescente envolvimento com drogas e crimes de todos os níveis e que ferem o seio familiar, sem que nenhuma autoridade pública tome conhecimento ou se solidarize.

Muitos destes são os nossos mal amados, rejeitados, deixados de lado, esquecidos…para estes, não se apresentam políticas públicas sociais e de segurança que possam ser convertidas em ações efetivas que mudem as suas histórias de vida e da vida da população dos quatro cantos da cidade.

Para muitos, o que vale é a expressão “bandido bom é bandido morto”, mas convenhamos, são seres humanos, têm uma história de vida por trás de suas ações. Com eles, há uma família que sofre, há um pai e uma mãe que se frustram por verem seu amado se perdendo para as coisas que o mundo oferece sem que ninguém os ajude, como Cirineu ajudou Jesus a carregar sua cruz.

Vivemos um tempo favorável de ‘despertar missionário e caminhante’, estamos aprendendo a não nos conformar com esta cultura “Big Brother” de eliminação humana que o mundo nos apresenta e que quer fazer-nos aceitar tudo como normal, como corriqueiro.

Ao contrário do que este mundo globalizado nos ensina, nos apresenta, e quer nos fazer engolir a todo tempo, somos comunidades de fé e cremos na força da oração, da união, da ação e na verdadeira paz que Jesus nos oferece, “pois nós não somos um povo de perder a fé e o amor, de olhar pra trás e parar de desanimar”, nós vamos à luta.

O próprio Papa Francisco, no último dia 1º de janeiro, fez um apelo a todos por solidariedade e paz no mundo quando disse – “Todos nós temos a responsabilidade de trabalhar para tornar o mundo uma comunidade de irmãos que se respeitam, aceitam suas diferenças e cuidam uns dos outros”.

É este cuidar uns dos outros, estar junto uns dos outros que me faz acreditar nesta paz tão almejada como uma realidade, não uma paz que aliena, que nos transforma em passivos espectadores da cultura da violência, mas uma paz que faz alçar longe os nossos projetos de ação, de vida, de amor, de unidade e fraternidade.

A paz esperada e tão sonhada neste sentido não é utópica, e sim uma realidade.

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