Na semana dos dias 8 a 15 de maio deste ano, aconteceu em todo o país a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. O lema foi inspirado no nono versículo do livro do apóstolo Pedro: “Chamados a proclamar os altos feitos do Senhor” (Cf. 1Pe 2, 9). Essa atividade acontece todos os anos na semana que antecede a Solenidade de Pentecostes, com o objetivo de incentivar o ecumenismo entre as Igrejas Cristãs que compõem o CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil).
A temática nos incentiva a perceber que, por meio do Batismo, nós somos convidados a estar sempre abertos ao diálogo e acolher o diferente, seja nas instâncias eclesiais, religiosas ou culturais. Somos todos filhos e filhas de Deus, por isso devemos viver de fato como irmãos.
No mundo atual, acompanhamos a grave situação da migração (de forma especial na Europa), o tráfico de drogas e armas, a violência, as crises política e econômica, dentre outros problemas que nos levam, às vezes, a desanimar e a perder a esperança num mundo melhor. Porém, em outra perspectiva, essas situações podem nos incentivar à união para que, juntos, como cidadãos e, mais ainda, como irmãos, possamos enfrentar as dificuldades através do diálogo e do respeito frente ao diferente.
Para “proclamar os altos feitos do Senhor” (1Pe 2, 9), devemos agir e viver como irmãos, por meio do diálogo, do respeito e do amor, pois sem obras a nossa fé estaria morta (Cf. Tg 2, 17). A misericórdia pode ser o primeiro passo para uma vivência autêntica da unidade, a partir do momento em que enxergamos o próprio Cristo, que morreu na Cruz por nós, no rosto do irmão, independente da sua raça, do seu gênero, das suas crenças, etc.
“O amor de Deus dá sentido a tudo”. Nessas palavras, o papa Francisco nos incentiva a tomar consciência desta dimensão tão importante em nossas vidas: o amor. Talvez o outro não tenha as mesmas crenças que eu, ou nem mesmo opiniões parecidas com as minhas, mas certamente algo une o outro a mim: o amor de Deus. Se Deus é amor, todos nós podemos acreditar n’Ele. Amar e construir a unidade: eis nossa vocação de cristãos.
Quando o outro vier ao nosso encontro, que nós possamos abrir o coração para acolher, pois em tempos de guerra, o mundo clama por unidade e misericórdia. Que a construção da unidade comece dentro de nossa própria casa e também dentro de nossa Igreja. Respeitar quem pensa diferente é fundamental para o diálogo e para a prática do amor cristão, pois somente assim poderemos, de fato, “proclamar os altos feitos do Senhor”.