Aproxima-se o pleito eleitoral. Somos movidos e envolvidos, com verdadeira paixão nacional, pelas campanhas políticas já, há mais tempo, nas ruas e, agora, nos meios de comunicação social. Elegeremos presidente da República, governadores, senadores e deputados.
Nossa responsabilidade é grande e crucial: através do voto, influímos, decididamente, para os próximos anos, nos rumos de nosso Brasil e consequentemente na vida de sua gente. Nosso voto não tem preço, tem consequências!
Como cristãos, à luz da fé, não podemos nos eximir de participar, consciente e responsavelmente, da promoção do bem do país, do aperfeiçoamento da vida democrática e a lisura das suas instituições. Temos que dar passos na formação de uma consciência cidadã, interagindo com a política e o processo político-partidário em curso nos municípios, estado e país.
As frequentes notícias de corrupção e desmandos, impetrados, infelizmente, por alguns de nossos políticos, nas diversas instâncias do poder, não podem nos desanimar. Elas, ao contrário, devem nos fazer mais atentos na hora de votar, acompanhando antes os candidatos e suas propostas, verificando o seu passado, o histórico de sua trajetória política e as motivações para seu ingresso na vida política ou em pleitear um novo mandato político.
É preciso também ver, a partir dos programas de seus partidos, a que interesses realmente pretendem servir: a uns poucos, por vezes, privilegiados; ou em favor de todos, apregoando a justiça e o progresso social e a superação das desigualdades sociais e econômicas.
É preciso saber ainda se estão, de fato, comprometidos com as grandes questões do povo, como da superação da pobreza, distribuição de renda, educação de qualidade e para todos, saúde, moradia, alimento, saneamento básico, emprego, segurança, respeito à vida e ao meio ambiente.
Sabemos, contudo, que a nossa cidadania, vivida à luz da fé, não pode parar no voto, na escolha do candidato e na sua eleição. Por vezes, transmitimos aos nossos representantes eleitos a responsabilidade pela condução do país, nos esquecendo de que somos também responsáveis pela permanente construção da sociedade do bem viver que privilegia o humano e o social, colocando a economia a serviço da vida e da inclusão.
Precisamos sonhar, com pés no chão, o sonho de Deus de um mundo para todos, a começar dos pequenos, marcado pela equidade na distribuição dos bens e pelo convívio social, pautado na justiça, na ética e na paz.
Precisamos, depois das eleições, acompanhar as ações e decisões políticas e administrativas dos governantes e parlamentares; cobrar deles o cumprimento das promessas de campanha, apoiando as decisões acertadas e exigindo a punição exemplar de quem só se interessa por suas próprias coisas e age em prejuízo do país e de seus cidadãos.
Para isso é preciso intensificar o controle social sobre a gestão pública e fortalecer as iniciativas populares de formação da consciência política, como de grupos e de escolas de fé e política; de acompanhamento dos mandatos e das ações legislativas e de iniciativas que propõem reformas no sistema político brasileiro.
Foi de grande ganho e alcance a Lei da Ficha Limpa e agora somos chamados a apoiar proposta de lei, via emenda popular, pela reforma política democrática e eleições limpas e o plebiscito popular por uma constituinte para a reforma política, tornando assim o exercício da democracia, em relação aos poderes constituídos, um processo mais transparente, seguro e participativo.
O Papa Francisco lembra que uma fé autêntica nunca é cômoda, nem individualista, comporta sempre um desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela (Evangelii Gaudium, n. 183). De fato, a política é um caminho sublime para o exercício da caridade, a consolidação da democracia e a construção corresponsável de um futuro mais promissor em favor de todos.
É tempo de mudanças, eleições à vista!