Portanto o político é o habitante da cidade, aquele que mora e vive na cidade, e ali mantém todas suas relações sociais de trabalho, família, convivência e opina sobre todos os rumos daquele lugar. Seria o cidadão tão falado dos dias atuais. Embora a palavra tenha sofrido um desgaste ao longo do tempo, político traduz simplesmente cada um de nós e nossas relações em sociedade. Vou repetir: Político somos todos nós. Pela complexidade de nossas relações sociais, na sociedade moderna temos que escolher alguém para nos representar visto que a construção social ao longo do tempo foi a democracia representativa e não a participativa como no local da origem da palavra.
Então, se escolhemos nossos representantes, não pode nos fugir a responsabilidade de que aquela pessoa, a quem vou dar poder de decisão sobre nossa vida e a vida de muitos tem um dedo de nossa responsabilidade, nos tornando corresponsáveis por todas as suas decisões. Por isso esta escolha se torna algo tão responsável e as vezes tão difícil.
O Brasil tem construído ao longo de muitos anos, e a duras penas a possibilidade de fazermos as melhores escolhas e nós enquanto cristãos somos chamados a nos comprometer evangelicamente com isso. Aliás a Igreja do Brasil, tem sido protagonista em nos orientar, via cartilhas, cartas, pronunciamentos, incentivos a leis como a da Ficha Limpa – e embora muitas vezes incompreendida – é uma voz a nos guiar, na possibilidade de construção de um pais mais justo na economia, na sociedade, nas relações plurais, na ecologia integral, na defesa da vida.
Apesar de todos os esforços, temos visto na atualidade uma radicalização da política que, se por um lado nos apresenta o que somos enquanto sociedade, nos adverte enquanto seguidores de Cristo, da necessidade de sermos protagonistas da paz, defensores das ideias plurais, responsáveis por não propagarmos mais ódio e desinformação pela via digital, interpela ao não compartilhamento de opiniões que nos satisfazem na rede, mas que não sabemos se são verdadeiras ou não, nos compromete com a defesa da democracia, com a defesa do estado democrático de direito, das instituições constitucionais e nos faz defensores da vida e da dignidade humana.
Somos então convidados a não nos omitirmos, a nos respeitar uns aos outros, a dissipar toda rixa, a entender que nosso papel social é sério, a entender que somos sim políticos, pois responsáveis pelo país que construímos, pois tudo isto passa pelas nossas escolhas. Pensar nisto, refletir, avaliar, escolher, discernir, faz parte de nossa obrigação cidadã, ou política.
Estamos a alguns dias da eleição, não nos é permitido nesta altura, nos omitir, as candidaturas estão colocadas, o chamado está feito, tenhamos serenidade, busquemos o respeito entre nós, não nos é permitido jogar a culpa no outro. O convite é para a reflexão para olhar em nós mesmos e saber se estamos movidos pelo ódio, rancor, raiva, ou se estamos nos esforçando para fazermos as melhores escolhas.
Vamos então com racionalidade, fé e caridade, construirmos o reino de Deus. É o que Ele espera de nós. Que a virgem Aparecida e de Fátima nos abençoes e peça a Deus por nós.
Marcos Nunes
Coordenador da Dimensão Sócio-Política
Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima – Viçosa/MG